Plantão ou não Tire sua própria conclusão!

Que futuro vai ter a nação?
Se feito por seguidores da televisão
Alguém avise ao presidente que revolução
Só se for dentro da escola
Pra acabar com cotas e esmolas
Nós queremos educação
E não esse lixo da televisão
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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Crônica(Pássaro-Amor)

Às vezes nos deparamos com frases de algum escritor, filósofo, pensador ou artista da palavra e nem desperta em nós um fio de curiosidade para questionamentos como: quem será esse homem (ou mulher)? Por que será que escreveu isso? De onde veio tanta inspiração? Mesmo que não hajam essas perguntas, sei que existem pensamentos ou frases que nos são reveladas como um tiro certeiro, que se não tomarmos cuidado não resistimos ao seu peso e experimentamos um flash de crise existencial.

Dia desses, numa agenda li um pensamento de Rubem Alves que diz: “Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar.”

Este pensamento veio como uma flecha instigante, que parece que atingiu minha psiquê do topo ao fundo do iceberg.

Passei a fazer uma análise profunda, tão profunda que estremeceu o iceberg dos meus recônditos. A alma sentiu o peso do amor; e muito mais sentiu a liberdade deste.

Que coisa é o amor, não? Quando pensamos que temos alguém aprisionado a nós, dependente de nós, vem o tal amor e dita as regras, quebra as nossas e diz ao pseudo-prisioneiro, ao pseudo-dependente: “Vai.” Passei a pensar que como nós, seres humanos, pensamos que amor é posse, é direito incontestável, é para o usufruto atemporal. Já ouviu dizer que os pais criam os filhos para o mundo, e não pra si? Tantos pais com os filhos pousados na ponta dos dedos, e às vezes nem vem a maioridade e logo voam – a trabalho, a aventuras, a despedidas sem adeus, a loucuras, a amores aprisionados. Tantos romances que eram perfeitos para qualquer escritor esbanjar-se com as palavras e ser um best-seller internacional; e de repente o pássaro voa, voa longe, voa sem dizer adeus, sem explicar, sem deixar rastros, deixando mágoas, saudades, páginas em branco, capítulos órfãos, história sem final. E por aí poderíamos mergulhar em análises dos diversos tipos de relacionamento, onde esse dom universal prevalece.

A contemporaneidade nos leva a ver que os homens têm hoje os dedos esticados a todo momento. Nunca se sabe se o pássaro quer ficar ou não. Nossa insatisfação e busca pelo prazer nos faz alçar vôos tão imaturos. Somos um filhote e já queremos competir com águias, ou buscar nosso próprio alimento sem medo dos predadores. Não seria melhor estar no ninho, aconchegados, protegidos, aguardando o momento certo de partir, e partir com respeito e justiça, partir e não dizer “adeus”, mas “até breve”. O nó na minha cabeça não é se o pássaro deve ficar preso ou não. Sei que é o curso da vida: uma hora partimos, outra hora chegamos, outra hora encaramos o desconhecido, e assim se vai. O nó é se partimos na hora certa daquele dedo que poderia nos levar a outros dedos, à segurança e ao afago de uma mão, de um ser que se preocupa conosco. O nó também é se nossas partidas são fugas, se foram projetadas pela
prudência da razão e a energia da emoção.

E por fim, se quando é hora de voar, voamos e deixamos algo, deixamos um legado, um testemunho, se deixamos amor, se deixamos a certeza da volta, mesmo que seja para retornar aos lugares já conquistados. Somos justos? Somos certos? O meu medo é que talvez estejamos de asa quebrada por aí, mendigando sustento, mendigando outros dedos, outras mãos, se um dedo tão firme outrora nos segurara. Será que saímos dos dedos e vamos para gaiolas? Será que tememos que esses dedos que nos apóiam hoje vão ser os protagonistas da nossa prisão?
Que saibamos a hora de voar e a hora de parar em dedos que estavam marcados pra nós desde sempre. Que fujamos dos dedos-grades. Que amemos...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A globalização da pobreza

Diante do cenário global contemporâneo, evidencia-se a pobreza e a desigualdade fazendo-se presentes no cotidiano sob a ótica de um pensamento hegemônico e socialmente dominante oriundo das ajudas assistencialistas praticadas por empresas, entidades filantrópicas e pessoas voluntárias. Estes, a partir do emprego da filantropia, buscam soluções ilusórias, para a erradicação destes entraves na promoção do desenvolvimento social. Nesta perspectiva, como romper com uma visão assistencialista, objetivando vencer a pobreza e a desigualdade?

Primeiramente, pode-se declarar que políticas públicas internas eficientes e eficazes, capazes de produzir efeitos maximizadores no bem-estar da população e, conseqüentemente, minimizar os problemas sociais, é de suma importância para favorecer a integração do indivíduo ao Estado e ao gozo dos direitos que lhe permitam participar da vida pública. Em outras palavras, desenvolver a criticidade do indivíduo perante a sua realidade, reivindicando seus direitos e deveres enquanto um agente transformador do meio do qual pertence. Neste sentido, todos os cidadãos estariam aptos a lutar pela sua melhoria social, tornando desnecessárias as ajudas assistencialistas.

Além disso, outra medida favorável na diminuição da pobreza e desigualdade faz-se pela implementação de políticas educacionais de qualidade. A partir dos conhecimentos transmitidos pelo professor, somos levados a questionar uma determinada realidade através da identificação dos problemas da esfera social, na tentativa de buscar soluções possíveis. Assim, seriam todos capazes de preconizar o surgimento de uma nova sociedade sem o abismo econômico entre os sujeitos, o que propiciaria a melhora da qualidade de vida, isenta de caridades que hoje suprem a sobrevivência de milhões de pessoas ao redor do globo.

A partir de uma breve análise da inclusão sob o viés das políticas públicas e educação, a prática assistencialista da filantropia não deve ser a única medida na tentativa de promover uma profunda transformação social. A inclusão estará mais próxima da realidade na medida em que seja almejado um novo modelo de sociedade, em que oportunidades referentes à educação e à eficiência das políticas públicas façam-se presente no âmago social.

Entretanto, no modelo social vigente, com a presença de um sistema educacional precário – principalmente nos países em desenvolvimento em que a pobreza e a desigualdade são mais evidentes –, e a falta de compromisso no planejamento e fiscalização da execução das leis, as práticas filantrópicas assistencialistas colaboram na manutenção do sistema de classes, contribuindo para que determinadas parcelas da população permaneçam sob a condição de carentes e necessitados.

Analfabetismo: Quais as suas dimensões?

Analfabetismo funcional é aquele que o indivíduo não é capaz de escrever o próprio nome. Segundo o Ministério da Educação há cerca de 15 milhões de analfabetos funcionais no Brasil. Contudo, esta estatística torna-se muito mais abrangente quando levamos em consideração que apenas escrever o próprio nome não é mais suficiente diante da sociedade capitalista e da filosofia do liberalismo pós-moderno. Certamente há outros tantos que sabendo escrever, ou, desenhar o próprio nome, não sabem ler. Outros tantos ainda que sabendo ler e escrever, não são capazes de entender e interpretar o que lêem.

O que é mais grave talvez seja o tipo de analfabeto que, estando dentro de uma escola e participando diariamente das aulas ainda não sabe ler e nem escrever. Não estou me referindo a alunos da primeira série, mas de outras mais avançadas da educação básica. Como isso é possível? Como um aluno que está dentro da escola e é capaz de aprender não sabe ler nem escrever? Há forças e interesses políticos que visam garantir verbas públicas destinadas para o ensino fundamental, e estes alunos foram impulsionados para as séries seguintes, pois um alto índice de reprovação significaria redução desses investimentos.

Mas afinal, qual é o papel fundamental da escola? Não seria o de primeiramente e fundamentalmente ensinar a leitura e a escrita? No sentido mais amplo dos termos, ler e escrever significam ações psicomotoras e cognitivas mais significativas das ações e operações pedagógicas dentro do processo de ensino e aprendizagem.

A escola, por sua natureza sistêmica e epistemológica, deve promover atividades de aprendizagem que garantam a todos os discentes, sem distinção e discriminação, o direito à aquisição destas habilidades. Há uma intencionalidade nas ações pedagógicas, a qual é fundamentalmente a de construir cultura.

Todavia, isso só é possível quando o ser humano é capaz de apropriar-se da linguagem e de diferentes processos de comunicação de maneira eficiente e funcional. Esta necessidade torna-se mais relevante no século XXI, considerado por muitos comunicólogos como o século da informação. Como psicopedagogo e professor de filosofia da educação percebo que uma das saídas para esta crise na alfabetização de alunos com dificuldades de aprendizagem é a implantação e implementação de políticas públicas que promovam um novo modelo de suporte pedagógico dentro das unidades escolares da rede pública de ensino. Faz-se necessário a criação de uma equipe interdisciplinar dentro de cada unidade de ensino. Esta equipe de suporte pedagógico seria formada pelos seguintes especialistas: orientador escolar, supervisor escolar, psicopedagogo e psicólogo.

Esta equipe daria suporte aos professores alfabetizadores dentro da escola. Ao primeiro sinal de deficiência na leitura e na escrita o aluno seria encaminhado para uma avaliação psicopedagógica e psicológica. Um trabalho em rede com outros órgãos públicos seria o ideal, dentre eles: Conselho Tutelar, Secretaria do Bem Estar Social, Secretaria da Saúde e Ministério Público (Juizado da Infância e Adolescência). Quando necessário, após avaliação psicopedagógica e psicológica, o aluno seria encaminhado para atendimento pertinente ao seu problema.

Os professores alfabetizadores entrariam em ação e atenderiam a este aluno com exclusividade, até que o mesmo tivesse o domínio necessário da leitura e da escrita. É fácil pressupor que se não há o domínio destas habilidades fica impossível ao aluno acompanhar os conteúdos curriculares definidos e propostos pela escola. Evidentemente que esta estrutura não depende da boa vontade de voluntários dentro da unidade escolar, mas de políticas públicas que priorizem de fato a qualidade na educação como um todo e garantam a contratação de profissionais qualificados por meio de concursos públicos. Alegar que não há verbas não é uma boa desculpa para o Governo, pois ao final, quem vai mesmo pagar a conta somos todos nós